Ozônio como agente fungicida e de degradação de micotoxinas
Ano: 2016
Tipo de Trabalho: Dissertação de mestrado em Engenharia Agrícola
Centro de Pesquisa: Universidade Federal de Viçosa
Orientador: Lêda Rita D’Antonino Faroni
Autor: Daniel Francisco Ribeiro
Área de Atuação: Fumigação de milho armazenado
Palavras-chaves: Zea mays, Milho,- Efeito do ozônio , Milho- Fisiologia pós - colheita , Milho - Qualidade, Fungos, Fungicidas.
O milho é um dos cereais mais vulneráveis ao ataque de fungos, principalmente por espécies dos gêneros Fusarium, Aspergillus e Penicillium, além da contaminação por metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos (micotoxinas), sendo alguns desses compostos carcinogênicos a humanos e animais.
Uma estratégia potencial para o controle de fungos e detoxificação de grãos nas unidades armazenadoras consiste no uso do ozônio.
Características como alta reatividade, penetrabilidade e decomposição espontânea em um produto não tóxico (O 2 ) fazem do ozônio um desinfetante viável para garantir a segurança microbiológica dos produtos alimentícios. O gás age diretamente na superfície dos microrganismos e destrói sua parede celular.
Objetivou-se com este trabalho avaliar a eficiência do gás ozônio na desinfecção de grãos de milho contaminados com fungos Aspergillus flavus, Fusarium verticillioides e Penicillium spp. e na degradação das fumonisinas B 1 e B 2 , além do efeito do processo nas características físico-químicas dos grãos. Foram utilizados grãos de milho dos híbridos 30F53H e AS1581 PRO, com teor de água de 12,8 e 13,5% em base úmida (b.u.), respectivamente, contaminados naturalmente com Aspergillus flavus, Fusarium verticillioides e Penicillium spp.
Os grãos foram acondicionados em câmara de PVC (32 x 20 cm) composta por três compartimentos, cada um com capacidade para 800 g de grãos, e com conexões para injeção e exaustão do gás. A concentração utilizada de ozônio aplicada foi de 13,5 mg L -1 com fluxo de 1,0 L min -1 , em cinco períodos de exposição (12, 24, 36, 48 e 60 h). No controle, os grãos de milho foram submetidos ao tratamento com ar atmosférico, nas mesmas condições que o tratamento com ozônio.
O índice de ocorrência de fungos foi avaliado pelo método de papel de filtro (“blotter test”). Para avaliar a capacidade detoxificante do gás ozônio, quantificou-se o teor de fumonisinas B 1 e B 2 nas amostras de grãos de milho, submetidas ou não ao processo de ozonização. A avaliação físico-química dos grãos foi realizada antes e depois de cada tratamento. Foram analisados os teores de água, lipídios, proteínas e cinzas. Para o híbrido 30F53H, o tempo de saturação calculado foi 41,74 min e a concentração residual do gás ozônio 8,72 mg L -1 .
Dos resultados obtidos conclui-se que para o tempo de exposição de 60 h, os índices de ocorrência de A. flavus, Penicillium spp. e F. verticillioides para o híbrido AS1581 PRO reduziram o equivalente a 93,8; 99,7 e 99,3%, em relação ao controle. Para o híbrido 30F53H, os índices de ocorrência dos fungos A. flavus, Penicillium spp. e F. verticillioides apresentaram redução superior a 96% no tempo de exposição de 60 h.
A concentração de 13,5 mg L -1 e 24 h de exposição ao ozônio reduziu o teor de fumonisinas B 1 e B 2 em 78,8 e 86,98%, respectivamente, para o híbrido 30F53H e para o híbrido AS1581 PRO a redução foi de 88,5% no teor de fumonisina B 1 e mais de 82% o teor de fumonisina B2. O teor de água, proteínas, lipídios e cinzas não foram alterados pela exposição dos híbridos ao gás ozônio na concentração de 13,5 mg L -1 , exceto para o híbrido AS1581 PRO nos tempos de exposição ao ozônio superiores a 48 h.
O ozônio reduziu o teor de água dos grãos de milho do híbrido AS1581 PRO nos tempos de 48 e 60 h. Já para o híbrido 30F53H não foi observada diferença significativa nos teores de água, lipídios, proteína e cinzas entre o controle e o tratamento com ozônio. Portanto, nas condições adotadas, os resultados indicam que o ozônio se mostrou eficiente fungicida e detoxificante de grãos de milho sem alterar a qualidade físico-quimica dos mesmos.