A FISPQ do ozônio Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos assim como qualquer outro produto químico, tem como objetivo descrever os perigos dos produtos químicos. Além disso, como toda a FISPQ deve fornecer diversas informações, como:
- Condições seguras de manuseio;
- Principais incompatibilidades químicas;
- Condições adequadas para o armazenamento de produtos químicos;
- Atendimento em casos de primeiros socorros, entre outros.
O uso e aplicação do ozônio na indústria envolve questões de segurança para a proteção dos colaboradores e tudo começa com a implementação. Toda empresa é obrigada legalmente a avaliar os riscos no local de trabalho, e tomar todas as precauções possíveis para garantir a segurança dos trabalhadores e terceiros. Um exame cuidadoso dos riscos de uso de ozônio deve ser incluído na avaliação do risco de acidentes, plano de contingência e treinamento de funcionários.
O processo deve ser iniciado com escolha de um fabricante experiente em projetar, fabricar e instalar sistemas de tratamento de ozônio em escala industrial. Um bom projeto de engenharia deve ser contratado em instalações industriais. Estes tipos de locais demandam geradores de ozônio de maior porte com elevadas concentrações de ozônio.
Requisitos de segurança para aplicação de ozônio
Para que toda aplicação de ozônio seja segura, eficiente e alcance seus objetivos sem oferecer riscos à saúde das pessoas, as empresas necessitam garantir com que o gás seja aplicado sempre em locais inabitados, câmaras de tratamento ou em tanques de oxidação.
Sendo assim, as instalações industriais devem ser bem projetadas para garantir com que os operadores não inalem o ozônio gasoso. Para isso, existem formas de aplicação que aumentam a segurança do trabalho e evitam o risco de acidentes:
Aplicação de ozônio gasoso em fluxo contínuo
Estruturas herméticas construídas para recirculação do ozônio podem ser implementadas (Noyes et al., 2002). Com o uso da recirculação em atmosfera enriquecida com ozônio em circuito fechado é uma estratégia segura e bastante eficiente. Nestas instalações, o sistema garante a recirculação do ozônio gasoso que percola na massa de grãos é recuperado e inserido novamente no sistema (Hardin et al., 2010). As instalações herméticas de recirculação contribuem para que não haja perdas de gás para o ambiente.
Aplicação de ozônio gasoso em locais inabitados
Aplicações de ozônio gasoso em ambientes devem sempre ser evitadas mesmo em locais inabitados. No caso da necessidade deste tipo de aplicação, uma estratégia segura é aplicar em horários fora do expediente. Para isso as empresas podem utilizar equipamentos que permitem a programação automática de início e término do processo em horários onde a empresa esteja fechada sem a presença de pessoas. Sinalizações devem ser usadas na porta de entrada do local com informações de horário de início e término do tratamento, além disso, Os funcionários devem ser treinados sobre os riscos envolvidos.
Aplicação de ozônio gasoso em câmaras hipobáricas
As câmaras hipobáricas são extremamente seguras na aplicação do ozônio gasoso em alimentos. Neste tipo de aplicação, após acondicionado os alimentos no interior da câmara, a câmara é fechada, e o ar é retirado com a ajuda de uma bomba de vácuo reduzindo a pressão da câmara. Mesmo após a injeção do gás ozônio a pressão é inferior a pressão fora da câmara eliminando qualquer tipo de vazamento.
Aplicação de ozônio gasoso em câmaras frias
Aplicações em câmaras frias estão cada vez mais comuns nas empresas de alimentos. Monitores de ozônio podem ser instalados para garantir uma concentração segura para as pessoas que necessitam entrar na câmara fria durante horários de expediente. Em períodos onde a aplicação em dosagens maiores, as empresas podem instalar sistemas de que impedem a entrada de pessoas durante a aplicação, como fechaduras automáticas interligadas a sensores que trancam a porta da câmara (não esquecer de permitir a abertura por dentro) ou sistemas mais simples com a instalação de trancas e cadeados onde somente responsáveis pelo setor libera a entrada novamente no local.
Preparação de água ozonizada
A água ozonizada deve ser preparada em reservatórios com tampas ou tanques de oxidação herméticos com respiros ligados em área externa ou ligados a destruidores de ozônio. Preferencialmente os tanques de oxidação devem ser instalados em ambiente externo. No caso de necessidade de instalação em ambiente interno a segurança e projeto do tanque de oxidação deve garantir com que não tenha vazamento de ozônio. Nunca permita a instalação do ozônio gasoso diretamente em uma tubulação de rede hidráulica para eliminar o risco de bolhas de ozônio gasoso saírem pelos pontos de consumo e intoxicar as pessoas ou prejudicar equipamentos. A água ozonizada é inodora e segura para as pessoas. Cheiros de ozônio não são da água ozonizada e sim do gás não incorporado. O cheiro indica que a instalação foi mal projetada e deve ser corrigida imediatamente. A instalação de boias de segurança nos tanques interligados a geradores de ozônio garante com que o sistema desligue com a falta de água no tanque.
Destruidor de ozônio
Devem ser considerados fatores no ambiente de trabalho a instalação de exautores direcionando o ar para a área externa e outros elementos que atuam na destruição da molécula de ozônio conhecido como destruidores de ozônio, também conhecidos como catalizadores de ozônio, que são equipamentos necessários para eliminar riscos com vazamentos em respiros de tanques de oxidação, câmaras de tratamento. Estes dispositivos são construídos para transformar ozônio em oxigênio. Existem algumas tecnologias para converter ozônio em oxigênio:
- catalizadores químicos fabricados com dióxido de manganês e óxido de cobre convertem ozônio tóxico em oxigênio.
- catalizadores térmicos aquecem o gás ozônio convertendo em oxigênio.
- catalizadores com uso de radiação UV em um comprimento de onda de 256nm também convertem ozônio em oxigênio.
As três tecnologias funcionam. A escolha da tecnologia deve ser sempre orientada por um especialista de ozônio para garantir a segurança e um bom funcionamento do sistema.
Sinalização de segurança
Sinalizações podem ser adotadas nos locais de perigo, informando os riscos à saúde dos operadores melhoram a segurança e eficiência do processo.
Uma sinalização planejada, é uma forma eficiente de prevenir acidentes no ambiente de trabalho. Sendo assim, a sinalização de segurança em instalações com ozônio tem o objetivo de chamar a atenção e comunicar a existência de uma fonte de perigo e do risco.
Todo produto químico, inclusive o ozônio, utilizados em local de trabalho, devem ser classificados quanto ao perigo para a segurança e a saúde dos trabalhadores de acordo com os critérios estabelecidos pelo Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas. Como o ozônio é produzido no local, a sinalização deve ser instalada em local visível nos equipamentos que contenham ozônio, como câmaras de tratamento e tanques de oxidação.
Nas sinalizações de segurança são utilizados recursos auxiliares de extrema importância como pictogramas (sinal ou símbolos) e o Diagrama de Hommel. Ambos, obedecem ao sistema internacional padronizado aceito no mundo inteiro, para comunicar perigo e ações, sem o uso das palavras, facilitando a compensação e memorização.
Um pictograma de perigo é uma imagem que contém um símbolo de aviso e cores específicas e se destina a transmitir informações sobre os efeitos nocivos que uma determinada substância, gás ou mistura pode ter na nossa saúde ou no ambiente (Monteiro et al., 2017; Marchini, 2020), (Figura 17.2). O ozônio apesar de não ser um gás inflamável é um gás oxidante, nocivo na via respiratória e pode provocar riscos à saúde se inalado. Os pictogramas de perigo que devem ser usados para identificação dos riscos com ozônio são:
O Diagrama de Hommel é uma simbologia universal que classifica o risco de diferentes produtos químicos (Belo, 2020). Esta simbologia é aplicada em diversos países que busca mostrar o nível de periculosidade dos elementos químicos presentes em um produto. Sua simbologia é empregada pela Associação Nacional para Proteção contra Incêndios dos EUA (National Fire Protection Association – NFPA), (Menezes, (2018).
O Diagrama de Hommel são utilizados quatro quadrados sobrepostos em corres diferentes (branco, azul, amarelo e vermelho) que representam os tipos de risco em graus que variam de 0 a 4, cada qual especificado por uma cor, riscos específicos, risco à saúde, reatividade e inflamabilidade como descrito abaixo:
- VERMELHO – INFLAMABILIDADE, que apresenta os seguintes riscos:
4 – gases inflamáveis, líquidos muito voláteis, materiais pirotécnicos,
3 – produtos que entram em ignição a temperatura ambiente,
2 – Produtos que entram em ignição quando aquecidos moderadamente, 1 – produtos que precisam ser aquecidos para entrar em ignição e 0 – produtos que não queimam; - AZUL – PERIGO PARA SAÚDE, com seguintes riscos:
4 – produto Letal,
3 – produto severamente perigoso,
2 – produto moderadamente perigoso,
1 – Produto levemente perigoso e 0 – Produto não perigoso ou de risco mínimo (Rossi 2018); - AMARELO – REATIVIDADE, onde os riscos são os seguintes:
4 – capaz de detonação ou decomposição com explosão a temperatura ambiente,
3 – capaz de detonação ou decomposição com explosão quando exposto a fonte de energia severa,
2 – reação química violenta possível quando exposto a temperaturas e/ou pressões elevadas,
1 – normalmente estável, porém pode se tornar instável quando aquecido,
0 – Normalmente estável (Rossi, 2018; Antonio, 2021) e - BRANCO – RISCOS ESPECIAIS, com seguintes riscos: OXY Oxidante forte, ACID Ácido forte, ALK Alcalino forte.
O ambiente deve ser sinalizado com uma placa de advertência informando que no local existe risco de acidentes com ozônio.
A myOZONE disponibiliza a FISPQ do ozônio gratuitamente clicando aqui.
Vivaldo Mason Filho é Administrador de Empresas e Especialista em Análise de Sistemas pela PUCCAMP, Especialista e Mestre em Engenharia pela USP. Empresário e especialista na implantação de ozônio para indústrias de alimentos. Atuou por 11 anos como Professor nos cursos de graduação e pós-graduação de Administração, Comércio Exterior e Engenharia de Produção. É atual vice-presidente da Associação Brasileira de Ozônio – ABRAOZÔNIO.