No mundo até agora, foram descobertas poucas tecnologias de geração de ozônio e algumas centenas de aplicações distribuídas em diversos segmentos de mercado. Com certeza, a área de alimentos, será a que mais vai receber investimentos em pesquisas, indústrias, equipamentos e instalações para os próximos anos.
O ozônio está dentre as tecnologias emergentes com maior potencial de participar de soluções para proteção, segurança de alimentos e meio ambiente. Com baixo custo de implantação, produção, manutenção somados ao retorno de capital acelerado a tecnologia é extremamente viável para as empresas.
Tecnologias Emergentes: são aquelas que têm o potencial para criar ou transformar o ambiente de negócios nos próximos 5 a 10 anos e que poderão alcançar grande influência econômica.
O ozônio pode contribuir muito na melhoria da qualidade dos alimentos: in natura, minimamente processados e industrializados. Na maior parte dos produtos, o ozônio não altera suas características sensoriais (cor, aroma, sabor) e também não altera seu valor nutricional. O único resíduo gerado no final do processo é o oxigênio, tornando-o uma solução ecológica ideal para auxiliar processos de desinfecção nas indústrias de alimentos.
Isto se deve ao fato do ozônio ser capaz de destruir quantidades impressionantes de esporos, bactérias, vírus, mofo, fungos, bolores, ácaros, insetos, partículas de fumaça, agrotóxicos, micotoxinas e outros contaminantes e, ao mesmo tempo, oxidar qualquer material orgânico que encontrar em seu caminho.
Interesse no ozônio como agente sanitizante tem se expandido nos últimos anos em resposta às exigências dos consumidores para aditivos cada vez “mais verdes” (produtos mais saudáveis, sem adição de produtos químicos). A aprovação regulatória e a crescente aceitação do ozônio como uma tecnologia segura e ambientalmente, faz com que a tecnologia seja cada vez mais incorporada no dia-a-dia das indústrias de alimentos. Natural, barato e de fácil aplicação, o ozônio pode usado de diversas formas: “gás ozônio”, “água ozonizada” e “névoa ozonizada”.
Diante deste cenário, a multifuncionalidade do ozônio, tornou-o uma ferramenta essencial para melhoria dos processos de higienização e desinfecção. Uma das maiores vantagens do ozônio é seu tempo de meia vida curto, pois se degrada rapidamente em oxigênio, sem oferecer risco de contaminação cruzada em alimentos equipamentos e superfícies onde é aplicado.
Em uma indústria de alimentos é uma excelente opção como substituto do gás fosfina, um inseticida gasoso muito utilizado no expurgo de alimentos. O ozônio também pode ser usado como alternativa de controle de pragas em áreas onde há risco de contaminação cruzada de alimentos e até mesmo fábrica de orgânicos.
Os resultados são incríveis, pois a aplicação em sua forma gasosa permite a penetração em frestas, fendas e equipamentos onde os controles de pragas tradicionais com aplicação de inseticidas químicos jamais alcançariam.
Isso porque, o ozônio é um excelente inseticida natural, e pode ser utilizado em áreas onde o uso de inseticidas químicos é proibido. Ele é capaz de eliminar insetos em alimentos e ambientes, pois atinge todas as fases de vida (ovos, larva, pupa e adulto), ou seja, um excelente substituto a inseticidas e fumigantes como, por exemplo, o gás fosfina.
As aplicações nas áreas de alimentos vão desde tratamento de água, lavagem e desinfecção de equipamentos, ambientes, dutos, tubos, melhoria da qualidade do ar em áreas de armazenamento e processamento de alimentos, aumento de tempo de prateleira de frutas, vegetais, carnes, peixes e frutos do mar, pasteurização à frio de bebidas como vinhos, sucos, cervejas, tratamento de efluentes redução microbiana e controle pragas e em especiarias, grãos, farináceos, frutas, frescas e desidratadas.
Embora a garantia de segurança de alimentos seja uma preocupação global, as abordagens à regulamentação diferem em todo o mundo. O status regulatório do ozônio para aplicações de processamento de alimentos está bastante evoluído nos EUA, em outros países da Europa, Ásia e Mercosul. Em todos eles, inclusive no Brasil, está em crescente evolução.
A internacionalização de grandes empresas de alimentos no mundo vem contribuindo para disseminar a tecnologia em outros países. Em muitos casos repetindo processos já utilizados nos países de suas matrizes.
O ozônio pode ser usado de diversas formas na indústria através de ações para redução de micro-organismos (vírus, bactérias, fungos, ácaros, esporos, parasitas etc.), controle de insetos em produtos armazenados e ambientes (besouros, ácaros, mariposas, baratas e moscas) controle de cheiro, odor, sabor, aparência e aumentos da vida útil e preservação das características sensoriais dos alimentos e matérias-primas.
A capacidade de oxidação é útil para neutralização de elementos prejudiciais à saúde (hidroxilas, metilas, compostos de nitrogênio, enxofre, fósforo e micotoxinas, por exemplo). Também neutraliza gases, tais como amônia e etileno (desacelera o processo natural de amadurecimento natural de frutas aumentando seu tempo de prateleira), e redução de pesticidas utilizados na produção de especiarias, cereais, grãos, frutas, legumes e verduras.
Por que utilizar o Ozônio na indústria de alimentos?
Dentre os principais motivos que levam uma empresa a investir em ozônio, destacam-se:
- controle de pragas: através da aplicação direta em alimentos, ambientes, áreas de difícil acesso onde o veneno é proibido como equipamentos, redes de esgoto, tubulações, forros, porões, etc;
- redução de carga microbiana: em alimentos, equipamentos e ambientes de produção;
- tratamento para potabilidade de água: utilizada no processamento de alimentos;
- sanitização de superfícies contaminadas com água hiperozonizada;
- limpeza CIP;
- pasteurização não térmica de bebidas;
- degradação de agrotóxicos em alimentos;
- detoxificação de micotoxinas;
- tratamento de efluentes.
O cloro (e seus derivados) é a categoria mais comum dos desinfetantes e germicidas usados pela indústria de alimentos. A necessidade de melhorias nestes processos de limpeza e desinfecção promove um alto consumo de água e produtos químicos nos processos de sanitização dos ambientes aumentando a umidade nas indústrias de alimentos e a atividade água criando condições para a proliferação de microrganismos. Além disso, a presença de compostos orgânicos em água que sofrem cloração resulta no aumento da proliferação de compostos carcinogênicos (por exemplo: trialometanos, haloacéticos, etc.).
O meio-ambiente se degrada pela geração de efluentes, dejetos de alimentos, resíduos gerados pelas indústrias, consumo de água e energia. Dentre as consequências estão na propagação de resíduos tóxicos prejudiciais ao homem e a natureza. Urge a mudança urgente na indústria: melhoria dos processos de limpeza, desinfecção e saneamento introduzindo tecnologias que poluam menos o ambiente criando um ambiente de trabalho mais saudável para os colaboradores com menor potencial de prejudicar a saúde dos seus consumidores.
Atividade água: em termos práticos, é a água do alimento que vai reagir com microrganismos (e também participar de outras reações, como as enzimáticas). Quanto mais elevada for a atividade da água, mais rápido os microrganismos (como bactérias, leveduras e bolores) serão capazes de se multiplicar; logo seu controle está diretamente relacionado com a conservação dos alimentos. (FOOD SAFETY BRAZIL, 2016).
Vivaldo Mason Filho é Administrador de Empresas e Especialista em Análise de Sistemas pela PUCCAMP, Especialista e Mestre em Engenharia pela USP. Empresário e especialista na implantação de ozônio para indústrias de alimentos. Atuou por 11 anos como Professor nos cursos de graduação e pós-graduação de Administração, Comércio Exterior e Engenharia de Produção. É atual vice-presidente da Associação Brasileira de Ozônio – ABRAOZÔNIO.