O uso de desinfetante na indústria de alimentos é largamente aplicado na desinfecção de equipamentos, maquinas e tubulações. Já possível usar o ozônio no lugar de sanitizantes químicos conforme a especialista em Gestão da Qualidade e Segurança dos Alimentos Juliana Dias Gonçalves em matéria publicada no blog Food Safety Brazil publicado em 03 de Novembro de 2014. Confira a matéria completa abaixo:
Estamos muito acostumados a utilizar sanitizantes químicos na indústria de alimentos. Mas e um gás? Sim, é possível e já há empresas com histórias para contar esta experiência. Conversei com John Holah, que por muitos anos foi o líder do departamento de Higiene dos Alimentos do Campden BRI e que atualmente desenvolve e valida métodos de higienização para um laboratório.
Ele ponderou os prós e contras desta tecnologia: O ozônio já é um conhecido agente no tratamento de água, dado que na França já era utilizado para tratamento de água pública desde 1906, mas pouco explorado quando o assunto é higienização de superfícies na indústria de alimentos. Ele apresenta vantagens interessantes: é uma tecnologia “limpa” e que não deixa resíduos no meio ambiente.
A Geometria de equipamentos e instalações não são nenhum desafio: sua penetração é muito mais alta que a de qualquer solução aquosa. É muito simples de se utilizar e minimiza a utilização de mão de obra: liga-se o sistema movido a energia elétrica e depois de 4-5 horas entre 10-20 ppm, o ambiente estará livre de células viáveis com mais eficácia que o cloro, sem necessidade de enxágue.
Como qualquer desinfetante, é imprescindível que a superfície esteja isenta de sujidades antes da aplicação para atingir a redução microbiana adequada. Como tudo na vida tem desvantagens, não é possível aplicar o gás num ambiente onde estejam alimentos (os gordurosos se oxidam fortemente) e nem pessoas. O limite ocupacional para o ozônio é de 0,1 ppm e à 50 ppm é instantaneamente letal. Assim, não seria viável para empresas que operam 24/dias ou em ambientes que existam alimentos armazenados, havendo também um risco ocupacional a ser gerenciado.
Em uma das palestras do Congresso Mundial de Projeto Sanitário da EHEDG, a Heinz compartilhou que utiliza com sucesso esta tecnologia em uma planta de baby Food na Itália. Será que vai demorar para alguma empresas brasileiras estrear este método? Para saber mais, consulte também a Food Safety Magazine.
Juliane Dias Gonçalves é Engenheira de Alimentos e especialista em Gestão da Qualidade e Segurança dos Alimentos, pela Unicamp. Atuou em indústrias como Danone, Bimbo e Sadia, na área de produção e Garantia da Qualidade. Tem vivência em implementação de sistemas e auditorias em países da América Latina. Foi consultora credenciada do PAS (Senai). Auditora líder em ISO 9001, BRC Food e FSSC 22000 pelo Bureau Veritas Certification até 2012. Foi auditora do programa GMA-Safe pela Food Design. Membro da CEET da ABNT, participando da tradução oficial das normas da família ISO 22000. Professora convidada do curso de especialização em Gestão da Qualidade e Segurança de Alimentos, da Unicamp. Co-Chair da EHEDG no Brasil. Diretora de relacionamento da Flavor Food Consulting e editora-chefe do blog Food Safety Brazil.
Desde a publicação deste artigo em 2014 o uso de ozônio como desinfetante na indústria de alimentos vem sendo ampliado, assim como o seu uso no controle de pragas e aumento do “shelf life” ou validade dos alimentos.