Processos de oxidação avançada com ozônio em efluentes e água
Processos de oxidação avançada com ozônio em efluentes e água

Os Processos de Oxidação Avançada representam um dos caminhos mais promissores para o tratamento de efluentes industriais e águas naturais com alta complexidade química. Entre os agentes mais utilizados nesse contexto, o ozônio (O₃) desempenha papel central, seja de forma isolada ou em combinações que potencializam a geração de radicais livres altamente oxidantes.
Conceito e princípios Fundamentais
Os Processos de Oxidação Avançada consistem em processos de oxidação em fase aquosa que utilizam espécies reativas de oxigênio, especialmente o radical hidroxila (OH•). Esse radical apresenta um potencial de oxidação significativamente superior ao do ozônio e do peróxido de hidrogênio, além de reagir até um milhão de vezes mais rápido (Ma, 2024).
O mecanismo básico envolve a transformação do ozônio em oxidantes secundários, como:
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Radicais hidroxila (OH•)
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Hidroperóxidos (HO₂•)
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Superóxidos (O₂•−)
Essas espécies oxidam compostos orgânicos complexos até sua mineralização completa, gerando apenas CO₂ e H₂O como produtos finais. Isso confere ao Processos de Oxidação Avançada um papel de destaque na degradação de poluentes recalcitrantes e na desinfecção de microrganismos patogênicos.
Abordagens de Geração de Radicais com Ozônio
O radical hidroxila pode ser produzido a partir de diferentes estratégias, sendo as mais comuns:
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O₃/UV: combinação de ozônio e radiação ultravioleta.
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O₃/H₂O₂: ozônio associado ao peróxido de hidrogênio.
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O₃/H₂O₂/UV: sinergia tripla entre ozônio, peróxido e radiação UV.
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Ultrassom e catalisadores metálicos: utilização de óxidos de titânio, ferro, manganês ou zinco como aceleradores.
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Ajuste de pH: em meios alcalinos (pH > 10), favorece-se a rota indireta de oxidação via radicais; em meios ácidos (pH ≤ 4), prevalece a reação direta de ozonólise.
Essa versatilidade torna o Processos de Oxidação Avançada com ozônio um processo adaptável a diferentes matrizes de efluentes.
Principais Configurações de POA com Ozônio
Processo | Oxidante(s) | Químicos auxiliares | Tecnologia adicional | Observações |
---|---|---|---|---|
Ozonização (pH > 8) | O₃ + OH• | – | – | Ação radical predominante |
O₃/UV | O₃ | – | Radiação UV (λ = 258–260 nm) | Formação intensiva de OH• |
O₃/H₂O₂ | O₃ + H₂O₂ | – | – | Forte sinergia oxidativa |
O₃/H₂O₂/UV | O₃ + H₂O₂ | – | Radiação UV | Eficiência máxima |
Fenton | H₂O₂ | Fe²⁺ | – | Geração de lodo |
Foto-Fenton | H₂O₂ | Fe²⁺/Fe³⁺ | UV, visível ou solar | Ampliação do espectro reativo |
Aplicações no tratamento de efluentes
Os Processos de Oxidação Avançada com ozônio têm sido amplamente empregados no tratamento de efluentes complexos, como os oriundos de:
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Indústrias químicas e farmacêuticas
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Setor têxtil
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Fabricação de papel e celulose
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Indústrias alimentícias
Entre os principais compostos-alvo degradados por este processo destacam-se:
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1,4-dioxano
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MTBE (aditivo de gasolina)
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NDMA (nitrosaminas)
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Herbicidas e agrotóxicos
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Fármacos como anti-inflamatórios, antidepressivos e hormônios
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Compostos odoríferos como geosmina e metilisoborneol (MiB)
Vantagens dos processos de oxidação avançada com ozônio
Alta eficiência oxidativa
- Potencial de oxidação do radical OH• ≅ 2,7 V.
- Constantes de reação entre 10⁶ e 10¹⁰ L mol⁻¹ s⁻¹, próximas à difusão em meio aquoso.
Versatilidade
- Capaz de degradar compostos recalcitrantes.
- Aumenta a biodegradabilidade de poluentes resistentes a processos biológicos.
Melhoria da qualidade da água
- Redução de cor por degradação de grupos cromóforos.
- Fragmentação de macromoléculas em subprodutos menos tóxicos e mais hidrofílicos.
Aplicabilidade sanitária
- Esterilização de microrganismos patogênicos.
- Remoção de odores e sabores indesejados em águas naturais.
Limitações e desafios
Apesar dos benefícios, o uso do ozônio isolado pode apresentar limitações:
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Menor redução da DQO, DBO e COT em comparação com outros POAs.
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Maior consumo energético e químico quando aplicado sem sinergia com outros oxidantes.
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Custo operacional elevado em tratamentos de grande escala.
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Formação eventual de subprodutos oxidativos que precisam de monitoramento.
Por esses motivos, recomenda-se frequentemente o uso do ozônio em etapas finais de polimento, após tratamentos convencionais.
Perspectivas futuras
Estudos recentes buscam superar as limitações do processo, explorando:
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Catálise heterogênea com metais de transição suportados em materiais sólidos.
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Integração com energias renováveis, como radiação solar em sistemas foto-Fenton.
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Modelagem computacional para otimização de parâmetros operacionais.
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Soluções híbridas combinando Processos de Oxidação Avançada e processos biológicos sequenciais.
Essas inovações têm potencial de tornar os Processos de Oxidação Avançada com ozônio mais eficientes, econômicos e sustentáveis, consolidando-os como tecnologias-chave para o tratamento de efluentes industriais e águas naturais no cenário global.
Os Processos de Oxidação Avançada com ozônio é uma tecnologia de alto valor agregado para a degradação de poluentes orgânicos complexos e a desinfecção de águas. Sua capacidade de gerar radicais altamente reativos permite a mineralização completa de contaminantes, aumentando a qualidade da água tratada e reduzindo impactos ambientais.
Embora apresente desafios econômicos e operacionais, os avanços em catálise, sinergias químicas e integração tecnológica indicam que o uso de ozônio em Processos de Oxidação Avançada continuará a se expandir como solução estratégica para o futuro do tratamento de efluentes.