A Universidade Federal de Viçosa em Minas Gerais através do Reitor Demetrius David da Silva firma parceria com a myOZONE para pesquisa científica com ozônio para a indústria alimentícia. As pesquisas serão realizadas através do Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola coordenado pela Professora Dra Leda Rita D’Antonino Faroni.

A Dra Leda é pioneira no Brasil em pesquisa científica dos efeitos do gás ozônio em alimentos. Dentre as aplicações do uso do ozônio desenvolvidas pela pesquisadora destacam-se: expurgo de grãos, degradação de agrotóxicos, destoxificação de micotoxinas, redução de carga microbiana e tratamento de efluente.

A myOZONE participará financiando pesquisas, através do fornecimento de equipamento, Know How de 10 anos de aplicação do ozônio na indústria. A parceria também promove a participação inicial de mais 4 indústrias de alimentos e clientes da myOZONE que também financiarão pesquisas para suprir suas principais demandas do setor privado.

A Coordenadora do Programa de Pós Graduação em Engenharia Agrícola da UFV Dra Leda Rita D’Antonino Faroni concedeu uma entrevista para o blog da myOZONE onde relata as vantagens da parceria para a Universidade e empresas, estrutura e equipe no laboratório.

Qual a sua visão sobre a parceria entre empresas e a Universidade nas pesquisas?

A parceria nas pesquisas é de fundamental importância tanto para as Empresas quanto para as Universidades. Para as Empresas, o principal benefício dessa parceria é o acesso a novos conhecimentos, a tecnologias, a ferramentas e aos profissionais que dedicam à realização de pesquisas inovadoras. São nas Universidades que se encontram os profissionais mais dedicados à pesquisa, os melhores talentos. Além disso, as Empresas têm a chance de se atualizar com as pesquisas já desenvolvidas, propor hipóteses e recrutar talentos para os seus quadros. Outros benefícios para as Empresas em parcerias com as Universidades são: os funcionários têm a chance de se atualizar com o que há de mais moderno em pesquisa acadêmica e o acesso às novas metodologias. Para as Universidades, essas colaborações, normalmente voltadas para projetos de inovação, são o que se pode chamar de parcerias ganha-ganha — ao mesmo tempo em que se obtém fontes de financiamento de pesquisa, os seus alunos têm oportunidade de estar em contato com a realidade do mercado.

Quais são as vantagens para a indústria que investe no ozônio?

A utilização do ozônio na indústria alimentícia deve ter o respaldo de pesquisas científicas para evitar seu uso excessivo sem o efeito desejado.

Universidade Federal de Viçosa com os geradores myOZONE

Equipamentos cedidos para pesquisa na UFV

O ozônio é conhecido por ser eficaz contra todos os tipos de microrganismos, mesmo à temperatura ambiente. Aumenta a vida útil dos vegetais devido a uma redução na contagem microbiana. Poderia ser visto como uma alternativa à refrigeração, a fim de aumentar a vida útil dos vegetais. Vários estudos de otimização são encontrados na literatura sobre o tratamento com ozônio em vegetais e frutas, considerando a eficácia antimicrobiana do tratamento. Citam-se, como exemplos, a inativação das bactérias Listeria monocytogenes em suco de laranja, folhas de alface, filés de salmão, suco de maçã; Escherichia coli em suco de laranja, folhas de alface, tomates, cenouras, legumes folhosos, melão, sucos de maçã; Salmonella em carne de porco fresca, suco de maçã, tomates, alface, framboesas e morangos; Bacillus cereus em arroz processado. Na inativação de fungos citam-se Fusarium, Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus; e inativação de vírus e protozoários. Destacam-se ainda a degradação de agrotóxicos em frutas e vegetais com ozônio.

O contato por um período curto de tempo e uma baixa concentração de ozônio são suficientes para inativar as bactérias. A qualidade sensorial do vegetal tratado com ozônio é melhor do que os tratados com cloro e ácidos orgânicos.

Nos Estados Unidos (EUA), a legislação exige uma redução de cinco logs de microrganismos nocivos para processamento de suco de frutas. Como resultado, uma série de indústrias de alimentos começaram a empregar ozônio para tratamento de suco de frutas e tratamento da água. Assim, o uso de ozônio no processamento de suco de frutas tem sido utilizado com sucesso para reduzir, por exemplo, populações de Staphlyococcus aureus e coliformes nas frutas.

O ozônio é um poderoso desinfetante adequado para aplicação em indústrias de processamento de frutas e verduras em estados gasosos ou aquosos.

Atualmente, há uma ênfase e tendência crescente para o armazenamento seguro de frutas, legumes e grãos na indústria de processamento de alimentos, minimizando as perdas quantitativas e qualitativas. Uma legislação mais rígida para eliminar gradualmente os produtos químicos e seus efeitos tóxicos, ao ambiente e ao consumidor, e a demanda por orgânicos forçou os processadores de alimentos e armazenadores de grãos para encontrar alternativas. O ozônio é um potencial sanitizante de frutas e preservação de vegetais, além do manejo de insetos-praga resistentes à fosfina em grãos armazenados. A pesquisa confirma que o ozônio é ativo contra uma variedade de microrganismos, fungos, micotoxinas e insetos-praga em baixas concentrações. No entanto, a adaptação da tecnologia de ozônio no armazenamento e processamento de grãos em larga escala tem alguma limitação prática, incluindo fatores ambientais (temperatura, umidade relativa do ar, teor de água dos grãos, espessura da camada), difusão do gás ozônio na coluna de grãos (depende das características e forma da superfície dos grãos) e meia-vida do ozônio. O ozônio oferece vantagens exclusivas para o setor de processamento de alimentos com efeitos desejáveis ​​ou mínimos sobre as propriedades físico-químicas, não deixando resíduos. Portanto, o ozônio pode ser uma alternativa potencial aos sanitizantes convencionais e fumigantes em indústrias de processamento de alimentos.

Qual estrutura a Universidade Federal de Viçosa dispõe hoje para a pesquisa com ozônio?

A UFV conta com uma estrutura bem consolidada para desenvolvimento de pesquisas com aplicação de ozônio em produtos agrícolas. Desde 2005 são realizados diversos estudos utilizando essa tecnologia. A maior parte destas pesquisas estão publicadas em periódicos nacionais e internacionais de elevado fator de impacto na comunidade científica.

O Laboratório de Pós-colheita do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV conta com geradores de ozônio da empresa OZONE & LIFE e da empresa myOZONE. No total são oito geradores, cinco são de pequeno porte, dois geradores de maior capacidade (tratamento de água) e um gerador de grande porte, com capacidade para tratamento de grãos em silos. A capacidade máxima de produção de ozônio dos geradores varia de 20 a 100 mg L-1. Para o fornecimento do oxigênio, que alimenta os geradores, o laboratório conta com dois concentradores de oxigênio, com capacidade de operar com uma vazão de até 12 L min-1. Além disso, possui dois cilindros de oxigênio com capacidade de 10 m3 cada.

O monitoramento da concentração de ozônio nos experimentos é feito por meio do método iodométrico e por meio de analisadores de ozônio. O método iodométrico, que é aceito pela IOA (International Ozone Association), envolve o procedimento de titulação e preparo de reagentes. Para a realização das titulações, o laboratório conta com todas as vidrarias necessárias, como provetas; pipetas; buretas; erlenmeyers e balões volumétricos. Há disponível também para preparo das soluções, ácido sulfúrico; ácido clorídrico; tiossulfato de sódio; iodeto de potássio; dicromato de potássio e amido solúvel. O laboratório conta com dois analisadores de ozônio, Ozone monitor BMT 930 que medem concentrações baixas (0 – 240 ppmv) e um analisador de ozônio da 2B Technologies modelo Models OEM-106-L para monitoramento de concentrações mais elevadas (0 – 50.000 ppmv). Este último cedido, em comodato, pela empresa MyOzone para realização de pesquisas.

Atualmente no laboratório são desenvolvidas pesquisas com ozônio para controle de insetos-praga de grãos e seus subprodutos, fungos, tratamento de águas residuárias, degradação de micotoxinas e degradação de resíduos de agrotóxicos em produtos agrícolas. Há também um laboratório de Manejo Integrado de Pragas (MIP) com inseto-pragas de unidades armazenadoras de diferentes regiões do País. Além disso, existem seis câmaras de 20 m3 cada, com controle de temperatura e umidade relativa. Nestas câmaras são armazenados produtos agrícolas, criações de insetos-praga e são realizados experimentos em condições controladas. Para o desenvolvimento de pesquisas que envolvem o controle de microrganismos, o laboratório dispõe de estufas incubadoras com controle de temperatura e câmara de fluxo laminar para cultivo e manuseio de meios de cultura. Para análises de qualidade dos produtos tratados com ozônio, há determinadores de teor de água, estufa; mufla; germinador; condutivímetro; sistema de extração de óleo; balança analítica; balança de peso hectolitro; moinho e penetrômetro. Para análises de degradação de resíduos de agrotóxicos em produtos agrícolas, o Laboratório de Pós-colheita conta com um cromatógrafo a gás (modelo GC-17-A, Shimadzu, Kyoto, Japão) e Sistema CG/MS composto por um cromatógrafo a gás 7820A acoplado a um espectrômetro de massa 5977B (Agilent Technologies, Palo Alto, CA, EUA).

O tratamento com ozônio em produtos agrícolas é feito por meio de ventilação forçada, de forma estacionária ou ainda dissolvido em água. Para aplicação do gás ozônio em produtos farináceos o laboratório conta com um misturador com capacidade de 90 kg. Para aplicação do ozônio em grãos há disponível uma câmara hipobárica, e alguns protótipos com capacidade estática máxima de até 300 kg de milho para aplicação de ozônio por meio de ventilação forçada. Já para aplicação do ozônio dissolvido em água o laboratório possui uma câmara hermética em acrílico com volume de 60 Litros.

Quais são os profissionais envolvidos na pesquisa com ozônio dentro da UFV?

Na UFV há dois Departamentos envolvidos em pesquisas com ozônio, o Departamento de Engenharia Agrícola (DEA) e o Departamento de Química (DEQ). No DEA são desenvolvidas pesquisas no Laboratório de Análise de Qualidade de Água (LQA) sobre coordenação do Prof. Dr. Álisson Carraro Borges e no Laboratório de Pós-colheita sobre coordenação da Profª. Dra. Lêda Rita D’Antonino Faroni.  No DEQ há pesquisas com ozônio no Laboratório de Química Ambiental (LAQUA) sobre coordenação da Profª. Dra. Maria Eliana Lopes Ribeiro de Queiroz. Além dos profissionais diretamente vinculados a UFV, o laboratório mantém parceria com ex-integrantes do grupo de pesquisa, atualmente lotados em outras instituições do País, por exemplo, a Universidade de Brasília (UNB), a EMBRAPA Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, MG, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Senador Firmino, MG, entre outros.

 

Vivaldo Mason Filho Diretor da myOZONE

Vivaldo Mason Filho é Administrador de Empresas e Especialista em Análise de Sistemas pela PUCCAMP, Especialista e Mestre em Engenharia pela USP. Empresário e especialista na implantação de ozônio para indústrias de alimentos. Atuou por 11 anos como Professor nos cursos de graduação e pós-graduação de Administração, Comércio Exterior e Engenharia de Produção. É atual vice-presidente da Associação Brasileira de Ozônio – ABRAOZÔNIO.