A Sanitização na indústria de laticínios é um tema crucial para a qualidade e segurança dos produtos lácteos, abordado em detalhes pela Revista Mais Leite e replicado aqui. O artigo original destaca a importância da limpeza e sanitização de equipamentos e superfícies, enfatizando o papel do ozônio (O3) como uma alternativa promissora aos sanitizantes comuns para sanitização na indústria de laticínios.

A seguir, apresentamos o conteúdo completo publicado na Revista Mais Leite, explorando os benefícios, aplicações e pesquisas relacionadas ao uso do ozônio na indústria de laticínios.


Na indústria de laticínios, a limpeza e a sanitização de equipamentos são essenciais para garantir a qualidade e a segurança dos produtos. O processo de sanitização eficiente dos equipamentos e das superfícies de contato com os alimentos garante áreas com menor carga microbiana. Isto reduz o risco de contaminação cruzada, o que contribui para uma vida útil mais longa dos produtos lácteos e implica em menor risco de contaminação microbiológica.

Os sanitizantes tradicionalmente utilizados na indústria de alimentos, como compostos clorados, apresentam limitações devido à formação de compostos tóxicos, além dos impactos ambientais negativos. Nesse contexto, o ozônio (O3) surge como uma alternativa promissora, tendo em vista que é um gás altamente reativo e eficaz na eliminação de microrganismos, sejam eles patogênicos e/ou deterioradores.

O ozônio oxida componentes celulares essenciais, destruindo os microrganismos de forma eficiente.

Após aplicação, o gás ozônio se decompõe rapidamente em oxigênio e, portanto, não deixa resíduos nocivos no ambiente e nos alimentos. Além da sua biodegradabilidade, a utilização do ozônio como sanitizante ainda apresenta a vantagem de reduzir a utilização de produtos químicos. O gás é produzido no próprio local de aplicação, utilizando-se geradores que sintetizam o ozônio a partir do oxigênio, por meio da incidência de descargas elétricas. Apesar de envolver um investimento inicial, os equipamentos de geração de ozônio representam uma vantagem competitiva quando comparados ao uso de produtos químicos. O uso de produtos químicos tradicionais aplicados na limpeza e sanitização das instalações requer a produção, transporte, armazenamento e descarte de embalagens.

O ozônio pode ser utilizado para a sanitização do ar, da água e de superfícies, sendo possível aplicá-lo na forma gasosa ou dissolvido em água (água ozonizada). Por ser um gás com rápida decomposição, variáveis como concentração de ozônio, temperatura, vazão, tempo de exposição devem ser otimizados para garantir que o uso dessa tecnologia seja efetivo. Diversas pesquisas têm sido realizadas em diversas partes do mundo para demonstrar o potencial do ozônio como sanitizante na indústria de laticínios.

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, sob coordenação dos professores Ernandes de Alencar, Marcus Vinícius Silva e Solimar Machado, tem se dedicado a estudar e otimizar as variáveis de aplicação do ozônio para sanitização de superfícies de contato com produtos lácteos e para redução da carga microbiana da superfície de queijos frescos.

A pesquisa, a inovação contínua e o desenvolvimento de tecnologias de aplicação contribuem para otimizar as condições de ozonização aplicadas à realidade industrial, promovendo a utilização dessa solução sustentável e eficiente para sanitização/desinfecção na indústria de laticínios.•

Autores:

  • Nayara Aparecida Costa (nayara.a.costa@ufv.br)
  • Juniel Marques de Oliveira ( juniel.oliveira@ufv.br)
  • Marcus Vinícius de Assis Silva (marcus.assis@ufv.br)
  • Ernandes Rodrigues de Alencar (ernandes.alencar@ufv.br)
  • Solimar Gonçalves Machado (solimar.machado@ufv.br)